sexta-feira, maio 16, 2014

RESENHA: O ESPETACULAR HOMEM-ARANHA 2


Depois de tanto mimimi gerado na internet por sua causa, finalmente fui assistir "O Espetacular Homem-Aranha 2". Resumo: gostei do que vi.

Andrew Garfield ficou perfeito como Peter Parker/Homem-Aranha, resultando na melhor versão do personagem retratada nas telas até o momento (minha esposa, que não conhece muito as HQs, disse ao terminar o filme que "este sim é o Homem-Aranha, não aquele chorão do Tobey Maguire"). Ele é simpático, tem carisma e fica confortável no personagem, do qual se declara fã. E sim, ele é um ator muito melhor e mais versátil do que o Tobey Maguire. Vários fanboys não gostaram e ainda implicam com essa nova encarnação por que, entre outras coisas, "nerd não anda de skate" (ou, essa é minha preferida, por que ele é um pseudo-geek legal). Uma crítica muito profunda, superada apenas pela feita à Shailene Woodley, que inicialmente estaria no filme como Mary Jane Watson: ela não é gostosa o suficiente. Pois é, nerd chora, e chora muito. 

Shailene Woodley como Mary Jane, em cenas que não entraram no filme. 
Sua química com a Emma Stone, que interpreta a Gwen Stacy, é perfeita (aliás, palmas para a Emma, que a cada filme se firma como uma das melhores de sua geração). Talvez o fato dos dois serem namorados na vida real tenha contribuído para a naturalidade que os dois demonstram diante da câmaras, mas não vamos tirar o mérito do diretor Marc Webb, que prefere dar ênfase às relações humanas: o romance com Gwen; a amizade com Harry Osborn (Dane DeHaan, mais uma vez interpretando um vilão perturbado com poderes); o modo como lida com o Electro, com quem de certa forma se identifica; a relação com a Tia May (Sally Field). Aliás, uma das melhores cenas do filme é o "embate" entre a May e o Peter, mostrando o quão excelentes atores dramáticos são o Garfield e a Field. Até mesmo as cenas onde o Aranha se relaciona com os Nova-Iorquinos, que o adoram, são demais. Os melhores momentos são quando ele está com o garotinho Jorge (Jorge Vega), que aparece pouco, mas que participa de uma das cenas mais emocionantes do longa. Alias, licença para falar do Paul Giamatti, que apesar de aparecer pouco na tela e de estar um pouco exagerado, protagoniza duas sequências divertidíssimas, que mostram um Homem-Aranha bem mais piadista que sua versão anterior, aproximando-o de sua versão nos gibis. Num outro momento, a passagem de tempo e o estado de espírito do personagem são mostrados com extrema sensibilidade e beleza. Talvez sejam nesses momentos em que vemos a mão real do Webb e não a do produtor Avi Arad. 



Assim como no primeiro filme, o foco da história é Peter Parker. Tanto que o mesmo tem mais tempo de tela do que o seu alter-ego. O Homem-Aranha está perfeito em tela. Seus movimentos são fluidos, mais acrobáticos. Ele parece voar por entre e sobre os prédios ao balançar em suas teias. Isso também se mostra bastante impressionante nas cenas de lutas.


Claro que o filme tem vários defeitos, sendo o principal o vilão do filme. O Electro de Jamie Foxx (desperdiçado) é inexpressivo, sendo retratado como um nerd bobão com sérios problemas de baixa autoestima e com dificuldades em se relacionar com as pessoas. Para piorar, com uma motivação imbecil. Em compensação, seus poderes ganham um upgrade, se comparados com o original, o que até rende algumas cenas interessantes, principalmente nas lutas. Mesmo assim, é um ponto fraco. 


O Duende Verde, como vilão, é pouco desenvolvido e aparece pouco na tela. Serve apenas de condutor para o clímax dramático da película. Porém, fica entendido que o mesmo pode vir a ser melhor desenvolvido nas sequências como principal antagonista. 

Há ainda a obsessão de Peter com o passado de seu pai. Embora não afete o andamento da história como um todo e acabe servindo de elo de ligação entre o Aranha, a Oscorp e os vilões, acaba tomando um tempo de filme desnecessário em alguns momentos. 

Outros pontos fracos são a Felicia (Hardy?) sem muito sal, elementos mal explicados ou não explorados (que diabos de doença degenerativa é essa, passada de pai para filho, se manifesta em idade tão jovem? Como Norman viveu tanto?); a inserção de vários ganchos a esmo, que provavelmente vão resultar em novas sequências, principalmente no tal filme do Sexteto Sinistro (Considerando que esse é um filme de estúdio e que há a mão de ferro do Avi Arad, que já havia feito o mesmo na franquia do Raimi, além da gana da Sony em não perder a franquia, até já era esperado que fizessem isso. Sem contar que todos esses ganchos já haviam sido explorados à demasia em trailers. Porém, se os vilões forem tão desenvolvidos quanto o Electro, teremos um fiasco à vista). Outro problema é que o filme é longo demais (2h20m). Dava tranquilo para tirar uns 50 minutos, o que provavelmente favoreceria a narrativa. 

Jamie Foxx na estréia, com sua filha Annalise. 

Sim, por mais que hajam nerds chorando em demasia, é um filme razoável e diverte. E não, não é pior que o Homem-Aranha 3 do Raimi. 

segunda-feira, julho 08, 2013

COISAS QUE EU TENHO LIDO - O OCEANO NO FIM DO CAMINHO, DE NEIL GAIMAN


Sempre é difícil definir Neil Gaiman. Seus livros estão na categoria que se convencionou chamar de Fantasia, na falta de um termo melhor. Sim, são fantasia, mas normalmente isto é apenas um detalhe da história, que são muito mais profundas e com diversas camadas de complexidade. De certa forma, ao ver os primeiros anúncios de “O Oceano no Fim do Caminho”, eu esperava ansiosamente por um repeteco de “Deuses Americanos”, seu penúltimo romance e, na minha humilde opinião, sua obra-prima. Felizmente, tal desejo não foi atendido.

Gaiman descreve o seu romance do seguinte modo: "É uma história sobre magia, o poder das histórias e como enfrentar a escuridão dentro de cada um de nós. É sobre medo, amor, morte e famílias. Mas fundamentalmente espero que, na essência, seja um romance sobre sobrevivência". Essencialmente, na história, somos apresentados a um homem adulto que, em um momento difícil de sua vida, retorna a um cenário familiar da infância, onde recorda de uma série de eventos que lhe aconteceram quando criança, aos sete anos, quando foi apresentado a um mundo ao mesmo tempo estranho e perigoso. Tudo começa quando um homem, inquilino em sua casa, se mata no carro da família no fim da rua, despertando forças primevas que passam a agir no que até então era um subúrbio pacato. Próximo ao fim da rua, vive três gerações de mulheres, a menina de 11 anos Lettie Hempstock, sua mãe Ginnie Hempstock e sua avó, a Srª Hempstock. Quando o narrador é diretamente ameaçado por um aspecto dessas forças, sem que seus pais percebam, são as Hempstock que vêm em seu auxílio, com consequências inesperadas.

Somos apresentados a uma realidade que se oculta a olhos vistos dentro da nossa, a oceanos que cabem em um pequeno lago e a mulheres que talvez sejam mais velhas que o mundo e o universo (ou do que quer que tenha vindo antes). Em determinado momento do livro, o narrador tem um momento de elucidação, onde conclui: “Eu vi o mundo no qual andara desde o meu nascimento e compreendi sua fragilidade, entendi que a realidade que eu conhecia era uma fina camada de glacê num grande bolo de aniversario escuro revolvendo-se com larvas, pesadelo e lama”.

O narrador enquanto criança, apesar de apresentar uma maturidade adquirida pelo hábito de leitura, é uma criança normal. Ele dorme de luz acesa e com a porta entreaberta. Ao contrário de seus heróis literários, ele não sabe o que fazer na maioria das vezes e se apavora facilmente, principalmente quando se julga indefeso. Ainda assim, enfrenta a tudo com uma certa naturalidade e uma coragem resignada. A antagonista não é inteiramente maligna e é possível até sentir pena dela, em algumas ocasiões. E mesmo sabendo que o protagonista vai se sair bem, não se deixa de se sentir um pouco de medo pelo protagonista. Afinal, a gente sabe que ele vai se salvar, já que narra memórias de infância, mas qual será o custo disso?

Há vários paralelos deste livro com outros de Gaiman, principalmente com Coraline. Ambos tratam de crianças que entram, meio sem querer, em mundos invisíveis aos olhos de adultos; ambos tem como antagonistas mulheres, que de um jeito ou de outro, tem a intenção de substituir um ente querido. Figuras femininas com o nome Hempstock aparecem em outras obras de Gaiman, como Stardust e O Livro do Cemitério.

O texto de Gaiman continua gostoso de se ler, pegando o leitor pelo pé e só soltando-o quando se termina o livro (mas com aquela vontade de retornar aquele universo vez e outra). Gaiman também é um escritor notório por ter livros infantis que podem facilmente ser lidos e aproveitados por adultos. Apesar deste ser um livro para adultos e possuir uma ou duas cenas mais pesadas, acaba tomando o caminho oposto: pode ser lido por crianças ou pela criança interior dentro de cada adulto.


O Oceano no Fim do Caminho/ The Ocean at the End of the LaneAutor: Neil GaimanEditora: Intrínseca/William Morrow (Harper Collins)
Número de Paginas : 205/192
Ano: 2013
Onde encontrar: Livrarias (livros físicos) e lojas virtuais da Livraria Cultura e amazon.com.br (livros digitais).

GRAPHIC NOVEL # 3 - TURMA DA MÔNICA: LAÇOS, DE VITOR E LU CAFAGGI



Há alguns anos atrás, eu não me imaginava comprando algo da Turma da Mônica novamente. Durante a minha infância e parte da adolescência, eram leituras obrigatórias. Tive muitos bons momentos com os personagens criados por Mauricio de Souza. Porém, depois de um tempo, o encanto acabou. Não achava mais as historias tão engraçadas, era tudo muito repetitivo ou achava que as que eu li quando criança eram melhores. Talvez o problema tenha sido um só: eu estava crescendo.


Então, vinte anos e poucos anos depois, graças ao trabalho zeloso do Sr. Sidney Gusman, eu me vejo na situação (agradável) de voltar a ler historias com esses personagens. Primeiro, com a idealização e realização dos especiais MSP, em comemoração aos 50 anos de carreira do Mauricio de Souza, depois com Ouro da Casa e em seguida o projeto Graphic MSP, que foi inaugurado com o espetacular Astronauta – Magnetar, do Danilo Beyruth. 

Turma da Mônica – Laços é o segundo volume dessa série de Graphic Novels estrelando os personagens da Mauricio de Souza Produções. Nela, a Mônica, Magali e Cascão turminha se unem ao Cebolinha e, seguindo um de seus planos infalíveis, partem em uma missão com o objetivo de encontrar o cachorro de estimação deste, o Floquinho. Dá quase para ouvir em off que uma voz anunciando que “essa turminha do barulho vai se meter em altas confusões”. 

Arte de Vitor Cafaggi. 


O sentimento que me dominou enquanto eu lia Laços era nostalgia. Sim, em parte nostalgia pelo retorno dos personagens com quem eu convivi grande parte de minha infância. Alguns trechos, cenas e easter-eggs remetem diretamente àquelas aventuras antigas que li quando criança (E genial a explicação do porquê parte da galera anda descalça). O restante da nostalgia é em função das referencias aos vários clássicos da Sessão da Tarde e cultura pop dos anos 80. Além disso, é uma história emocionante. Quem teve cachorro ou amigos inseparáveis quando criança vai se identificar fácil. Há aquela mistura de fantasia e realidade, típica de nossa infância. E quem nunca teve vizinhos que eram seus melhores amigos, mas com quem de vez em quando trocava socos ou “ficava de mal”? Ou inventava planos mirabolantes? Ou com quem de vez em quando tinha uma grande aventura? 


Arte de Lu Cafaggi. 

A arte do álbum é simplesmente linda, linda, linda (já falei que é linda?). Eu já conhecia alguma coisa do trabalho de Vitor Cafaggi, através do seu antigo projeto Puny Parker e de algumas tiras de Valente (confesso, li ambos muito pouco. Como desculpa, digo que pretendo remediar isso em breve). Sua história “Minha Visão Favorita”, que aparece em MSP por 50 Artistas, é uma de minhas preferidas do álbum. E a arte de Lu Cafaggi também não fica para trás. É ela quem desenha os flashbacks, como o que abre a edição, quando Cebolinha é apresentado ao Floquinho, ou quando Mônica conta um evento da infância de seu pai. Não tenho outro modo de definir a sua arte por outro termo que não seja a palavra “fofura”. Senhor e Senhora Cafaggi (Ou Senhorito e Senhorita Cafaggi), o meu muito obrigado por existirem e por dividirem essa declaração de amor com o mundo.

Os autores. 

O grande defeito da Graphic Novel é que ela chega ao fim (por mim, poderia ter continuações. Que tal?). Quando se chega à ultima página, dá vontade de imitar o Cascão e dizer, me fingindo de forte, “doeu, mas você viu que eu não chorei”. 


Turma da Mônica – Laços
Autores: Vitor e Lu Cafaggi
Editora: Panini Brasil
Número de Paginas : 82
Ano: 2013
Onde encontrar: Nas bancas (por enquanto) e livrarias.

sábado, janeiro 05, 2013

O SUPERIOR HOMEM-ARANHA E A ETERNA INSATISFAÇÃO DOS LEITORES



Fã de quadrinhos é bicho engraçado: reclama quando o título está estagnado, com as mesmas histórias óbvias e sem criatividade de sempre, mas quando as mudanças surgem, reclamam dobrado. É o que está acontecendo agora, com as mudanças anunciadas no título do Homem-Aranha com o advento do Marvel Now!, com a maioria dos títulos da Casa das Ideias sofrendo reformulações de modo a competir com a Distinta Concorrência e seu Novos 52 (não que precise, mas...). Pelo que eu li em alguns sites, essa mudança está sendo planejada já há 100 edições, desde o #600 do título clássico do Spidey lá fora, Amazing Spider-Man, tendo seu ponto alto na edição #700, com uma bombástica revelação que "mudará para sempre a vida do Homem-Aranha" e o fim do título. Em seu ugar entra The Superior Spider-Man, com alguém por trás das máscaras que não é o Peter Parker. Em função disso, o Homem-Aranha terá uma personalidade mais sombria. Aparentemente, os planos da editora  envolvem um ano com o tal "Superior" fazendo parte do Universo Marvel como um todo, já que o Aranha também é um Vingador e um dos membros da Fundação Futuro (para quem não sabe, o status quo atual - ou não - do Quarteto Fantástico). É bom? É ruim? Só se saberá agora, com a publicação da edição # 1 lá fora. Mesmo sem ler, comunidade em geral chiou só com os anúncios. 

Como eu já disse antes em ocasiões parecidas, a maioria das pessoas que reclamam normalmente são fãs que nem mesmo lêem mais o título. O bloco dos descontentes com o roteirista Dan Slott até mesmo ameaçaram o autor e a sua família de morte, o que, a meu ver, é levar a coisa um pouco longe demais. Se o personagem casa, reclamam. Se morre, reclamam. Se ressuscita, reclamam. Se muda o uniforme, reclamam. Se volta o uniforme original, reclamam. Se matam a sua namoradinha, reclamam. Ou seja, nada de novo no front.  O que quem reclama esquece e que já deveria saber, nessa altura do campeonato, é que dificilmente essas mudanças, mesmo que positivas, permanecem. Uma hora, o Peter retorna da morte (uops!) e tudo volta ao normal. Mesmo que a equipe criativa, com seu plano de um ano, não mude essa situação, algum outro escritor vai. Então, de que adianta ficar reclamando? Eu, como fã do personagem e sabendo que nada é permanente, fiquei mais curioso com o que vão fazer do que revoltado. E mesmo que não ficasse, tenho mais o que fazer do que ficar espalhando ódio pelo Facebook e pelo Twitter. 


segunda-feira, dezembro 31, 2012

MELHORES HQS DE 2012

Eu sei, eu sei, eu li outras coisas além do que está nesta lista, mas estou tentando limitar para os títulos inéditos que foram lançados este ano. Algumas, claro, são títulos mensais cuja existência se prolonga por anos a fio, mas a maioria são séries, minis ou edições especiais lançadas em 2012. E aqui está:



Nacionais:

Pinóquio, de Winshluss (Editora Globo)

Habibi, de Craig Thompson (Quadrinhos na Cia./Cia. das Letras)

Astronauta: Magnetar, de Danilo Beyruth (Panini Comics)

Fracasso de Público - Adeus, de Alex Robinson (HQM Comics)

O Paraíso de Zahra, de Amir e Khalil (Leya/Barba Negra)

O Gosto do Cloro, de Bastien Vivès (Leya/Barba Negra)

O Inescrito, de Mike Carey e Peter Snejberg (Panini Comics)

Sweet Tooth - Depois do Apocalipse - Volume 1 - Saindo da Mata, de Jeff Ramire (Panini Comics)

Vertigo, Vários (Panini Comics)

Dark, Vários (Panini Comics)

A Liga Extraordinária - Século 2009, de Alan Moore e Kevin O'Neill (Devir Livraria)

Monster, de Naoki Urasawa (Panini Comics)

20th Century Boys, de Naoki Urasawa (Panini Comics)

Incal Integral, de Alexandro Jodorowsky e Moebius (Devir Livraria)

Hellboy: Caçada Selvagem, por Mike Mignola e Duncan Fegredo (Mythos Editora)

Surpreendentes X-Men - Volume 3 - Incontrolável, de Joss Whedon e John Cassaday (Panini Comics)

Vikings - A viúva do Inverno, por Brian Wood e Leandro Fernandez (Panini Comics)

Sandman Apresenta, Vários (Panini Comics)

Y - O Último Homem - Volume 8 - Dragões de Quimono, de Brian K. Vaughan  e Pia Guerra (Panini Comics)

Y - O Último Homem - Volume 9 - Pátria-Mãe, de Brian K. Vaughan  e Pia Guerra (Panini Comics)

Y - O último homem - Volume 10 - Não Há Causa sem Porquê, de Brian K. Vaughan  e Pia Guerra (Panini Comics)

Jonah Hex - Volume 6 - Balas não Mentem, de Jimmy Palmiotti, Justin Gray e vários (Panini Comics)

100 Balas - Volume 8 - Samurai, de Brian Azzarello e Eduardo Risso (Panini Comics)

100 Balas - Volume 10 - Vidas dizimadas, de Brian Azzarello e Eduardo Risso (Panini Comics)

100 Balas - Volume 11 - Decaído, de Brian Azzarello e Eduardo Risso (Panini Comics)

Ex Machina - Volume 8 - Truques sujos, de Brian K. Vaughan e Tony Harris (Panini Comics)

Ex Machina - Volume 9 - Os sinos da despedida, de Brian K. Vaughan e Tony Harris (Panini Comics)


"Importados":

Fables, de Bill Willingham, Mark Buckinham e vários (Vertigo)

Fairest, de Bill Willingham (Vertigo)

The Walking Dead, de Robert Kirkman  e Charlie Adlard (Image Comics)

Saga, de Brian K. Vaugham e Fiona Staples (Image Comics)

Hawkeye, de Matt Fraction e DAvid Aja (Marvel Comics)

Daredevil, de Mark Waid e vários (Marvel Comics)

All-Star Western, de Justin Gray e Jimmy Palmiotti (DC Entertainment)

Wonder Woman, de Brian Azzerello e Cliff Chiang (DC Entertainment)


Coisas que saíram esse ano e que eu não li ainda, mas estão na fila e parecem foda: 

X-Men vs. Avengers, Vários (Marvel Comics)

Winter Soldier, de Ed Brubaker, Butch Guice, Michael Lark e Bettie Breitweiser (Marvel Comics)

America’s Got Powers, de Jonathan Ross e Bryan Hitch (Image Comics)

Conan the Barbarian, de Brian Wood e Becky Cloonan (Dark Horse Comics)

The Punisher, de Greg Rucka, Michael Lark, Stefano Gaudino, Marco Checchetto e Mirko Colak
(Marvel Entertainment)

Dancer, de Nathan Edmondson e Nic Klein (Image Comics)

Fantastic Four, de Jonathan Hickman e vários (Marvel Entertainment)

Chew, de John Layman e Rob Guillory (Image Comics)

Fatale, de Ed Brubaker e Sean Philips (Image Comics)

Manhattan Projects, de Jonathan Hickman e Nick Pitarra (Image Comics)

The Massive, de Brian Wood e Kristian Donaldson (Dark Horse Comics)

Wolverine and the X-Men: Alpha and Omega, de Brian Wood e Mark Brooks (Marvel Entertainment)


Hellboy: The Storm and the Fury de Mike Mignola e Duncan Fegredo (Dark Horse Comics)

Hellboy in Hell, de Mike Mignola (Dark Horse Comics)

quarta-feira, dezembro 19, 2012

GRAPHIC NOVEL # 2 - ASTERIOS POLYP, DE DAVID MAZZUCCHELLI




Na época de seu lançamento, esta obra, escrita e desenhada por David Mazzuchelli, foi uma sensação: concorreu a quatro Eisner Award (Ganhou três, Melhor Álbum Inédito, Melhor Escritor/Artista e Melhor Leitreramento) e colecionou outros inúmeros prêmios. Entrou nas listas de melhores de 2009, quando foi lançado lá fora, repetindo esse feito no Brasil em 2011, quando foi publicado aqui. Ganhou vários prêmios em 2010, incluindo três Harvey (Melhor letreirista, melhor Graphic Novel original e melhor edição ou história), prêmio especial em Angoulême, o maior prêmio europeu de Quadrinhos, Grand Prix de la Critique, ganhou o primeiro Los Angeles Times Book Prize para Quadrinhos e mais um monte de outros prêmios e indicações ao redor do mundo.

Daredevil: Born Again 

Mazzuchelli já era conhecido da mídia, quando desenhou o título do Demolidor, para a Marvel e Batman, para a DC. Em parceria com o outrora genial e hoje caduco Frank Miller, produziu duas obras-primas das HQs de super-heróis modernas: Demolidor – A Queda de Murdock (Marvel) e Batman – Ano Um, ambas lançadas originalmente em edições mensais, mas que ainda alcançam considerável sucesso na forma de encadernados (ou TPBs).


                
Batman: Year One
Depois disso, Mazzuchelli abandonou a indústria mainstream e partiu para projetos mais pessoais. Publicou a antologia Rubber Blanket e co-escreveu e desenhou Cidade de Vidro, uma adaptação do livro de Paul Auster. Nestas obras, utilizou experimentalismos que culminariam em Asterios Polyp.

"The Big Man", Rubber Blanket # 3
Paul Auster's City of Glass: The Graphic Novel

A história do livro não tem nada demais. Embora seja contada de maneira envolvente, não há muitas novidades na trama básica: um homem que perde quase tudo reconstrói sua vida e seu modo de ser ao mesmo tempo em que tenta entender o que fez de errado em seu passado. No início da trama, tudo que lhe resta são a roupa no corpo, um canivete suíço, um isqueiro e um relógio, objetos que possuem um imenso valor sentimental para o personagem (e que são utilizados como marcos de sua mudança). Por meio de flashbacks, descobrimos que foi ele casado e as razões por que está sozinho. 



O surpreendente, mesmo, nesta Graphic Novel é o modo como Mazzuchelli conta a história. Ele utiliza de forma ousada os elementos gráficos típicos de HQs, como onomatopéias, balões, cores, enquadramentos, etc., para conduzir a trama de forma magistral. Nada aqui é despropositado. Os detalhes, por menores que sejam, são repletos de significado e intenção. O destaque do álbum é o jogo narrativo que Mazzuchelli conduz com variação de traço, colorização e fontes de texto, criando uma história que só poderia ser contada com o que os quadrinhos podem oferecer.


A história é narrada pelo irmão gêmeo natimorto de Asterios, Ignazio. Asterios é um famoso arquiteto de papel (seus projetos nunca foram construídos) obcecado pela dualidade pela ordem. Para ele, tudo pode ser encaixado em dualidades: preto e branco, homem e mulher, cara e coroa, opostos que se complementam. Essa dualidade está presente na obra em detalhes aparentemente insignificantes (como o nome da mãe de Asterios e Ignazio, Aglia Oglio) e acaba se refletindo no próprio Asterios (Há o Asterios “de antes” e o “de depois”, cada um com suas particularidades, díspares, porém, complementares; o próprio fato dele ter um irmão gêmeo, que passa a representar a sua metade perdida, etc.).


Asterios é obcecado pela ordem e acredita saber todas as respostas e estar sempre certo. As próprias formas do Asterios refletem essa austeridade, através de formas geométricas precisas (notem as formas de sua cabeça e como ele se desdobra nos momentos em que sua). Os contrapontos entre ele e a Hana, seu par romântico, também mostram isso. Hana é representada pela cor vermelha, indicando sentimento, paixão, enquanto Polyp é representado pelo azul, uma cor mais fria e que remete à ordem, razão, mostrando um embate entre razão e sentimento (olha a dualidade aí novamente). Esse recurso também serve para exemplificar o que é explicado no início do livro, sobre o modo como cada personagem se vê no mundo.


Começei a ler Asterios Polyp de maneira despreocupada, mais ligado à trama que aos gráficos. Certos detalhes você acaba percebendo de cara e outros são mais sutis (um deles, eu só fui perceber quando estava além da metade do livro, o que me fez retornar à primeira página só para pescar esse e outros).

Mal acabei de ler e logo comecei a folhear o livro de novo, com um olhar mais crítico e atento. 

Título: Asterios Polyp
Autor: David Mazzucchelli
Editora: Quadrinhos na Cia. (Cia. Das Letras)
Páginas: 344 
Preço: R$ 63,00

terça-feira, novembro 13, 2012

GRAPHIC NOVEL # 1 - PINÓQUIO, DE WINSHLUSS

Pinóquio foi escrito e desenhado por Winshluss – pseudônimo de Vincent Paronnaud, co-diretor de Persepolis e Frango com Ameixas, ambos baseados na obra de Marjane Satrapi (Recomendo fortemente o primeiro e espero ver o segundo). O Pinóquio original, de Carlos Collodi, é um “Cautionary Tale”, onde o personagem principal passa por várias provações e é punido por cada uma de suas infrações (nariz cresce quando mente, vira burro quando se entrega à preguiça, etc.), sendo recompensado quando se torna um bom menino.

Esta é uma livre adaptação, como o autor diz no início, do conto original. Esqueça a história infantil. Aqui, a realidade é suja, podre, (quase) ninguém é puro ou inocente. Todos tem algo a esconder. O personagem principal, Pinóquio, é um autômato feito por Gepeto originalmente como uma arma de guerra, um supersoldado, com a qual ele sonha ficar milionário.


Um personagem secundário, mas não menos importante, é Jiminy Barata (como o nome sugere, uma barata que substitui o Jiminy Cricket, ou Grilo Falante, como é conhecido por aqui), um boêmio, escritor fracassado que não tem onde morar e que adota o Pinóquio como um apartamento. Ao mexer na “fiação” do novo apartamento, acaba gerando um defeito que faz com que o Pinóquio tenha uma certa autonomia (ou algo próximo a uma consciência), que faz com que ele saia da casa do Gepeto, após um acidente doméstico nada peculiar, e vagueie pelo mundo.
















Na maior parte do tempo, ele apenas observa e acompanha o fluxo dos acontecimentos, sendo jogado de um canto a outro e testemunhando vários fatos que demonstram muitos aspectos negativos da natureza humana: luxúria, ganância, maldade, crueldade, avareza, covardia, abandono, exploração dos mais fracos, violência sem sentido, etc. Em alguns raros momentos, Pinóquio mostra a sua verdadeira natureza de máquina de guerra, por influência de Jiminy Cricket. Mesmo assim, é inocente por ser não ser o agente direto desta e de outras ações.



O álbum apresenta várias histórias paralelas que num momento ou em outro se encontram com a trama principal, mesmo que a princípio pareçam estar perdidas na trama. Mas lembre-se: não há pontas soltas e nada é gratuito. Todas essas histórias estão ligadas ao personagem principal, influenciando seu caminho ou sendo influenciados por sua jornada. A subversão dos contos infantis também estendem-se para a Branca de Neve, que tem uma relação nada sadia com os Sete Anões, e o Flautista de Hamelin.



O texto é quase inexistente, sendo que a história é praticamente toda contada apenas com o uso de imagens, que são fabulosas. Cada quadro, cada painel, cada página é calculada para ser perfeita. O autor não se prende a um estilo, utilizando pranchetas coloridas, o formato em P&B de tiras diárias ou coloridas em duas cores das tiras dominicais da Era de Ouro. Lembra arte impressionista, Robert Crumb, Andy Warhol, quadrinistas cômicos europeus e até Disney. Há até referências à George Meliès.

Recomendo a todos que gostem de quadrinhos e/ou artes gráficas e/ou boa literatura.

Título: Pinóquio
Autor: Wincluss
Páginas: 192
Preço: R$ 75,00

quinta-feira, agosto 02, 2012

CADÊ A CORRUPÇÃO QUE ESTAVA AQUI?

Tem muita gente por aí que diz que o Governo Lula foi o mais corrupto e que o de FHC que era bom, por que não tinha nada disso (houve um antigo conhecido meu que disse que o de FHC era melhor por que ele falava inglês fluente). Com o julgamento do mensalão e a cobertura sempre imparcial da mídia brasileira do “maior caso de corrupção que esse país já teve”, a gente até fica propenso a acreditar nisso. Não vou negar que houve muita corrupção e escândalos no Governo Lula e agora no de Dilma, mas era esse mar de rosas todo no governo FHC? Será que eu vivi em um país diferente de uma realidade alternativa? Eis alguns fatos que eu me lembro e que foram reavivados, graças ao Google:  

- Houve casos mal apurados sobre dinheiros de campanha (dizem que FHC comprou fazenda em nome dos filhos e apartamento em Paris com dinheiro de caixa 2).

- Privatizações com a justificativa de diminuir a dívida pública (que ironicamente aumentou em mais de 100 vezes) e atrair capital externo (houve aumento da dívida externa). E para onde foi o dinheiro das privatizações? Ninguém sabe, ninguém viu... O que se sabe é que rolou muita propina. O Ex-caixa de FHC e de Serra foi acusado de pedir 15 Bilhões para favorecer o grupo que levou a Vale (a preço de banana) e de pedir 90 Bilhões para ajudar a montar o consórcio Telebrás.

- Extinção da Comissão Especial de Investigação, órgão instituído por Itamar e que contava com membros da sociedade civil para apurar casos de corrupção. O que acontece no Planalto fica no Planalto...

- Várias medidas para injetar dinheiro público (tirando dinheiro, inclusive, da Previdência) em bancos privados, que resultou na CPI dos bancos, que foi devidamente engavetada e esquecida.

- Pouca gente lembra, mas até o Governo FHC, não tinha reeleição. O mandato eram de 4 anos e só. Assim, foi feita a emenda da reeleição, conhecida por alguns como A Festa. Várias gravações revelaram que muitos deputados venderam seus votos a preço de ródio, que vale mais que ouro.  Talvez aí tenha sido gasto o dinheiro das Privatizações...

- Foram feitos vários acordos que beneficiavam os EUA, como o SIVAM, o caso da base em Alcântara, questões envolvendo patentes, entrega de patrimônio genético brasileiro sem royalties e a subserviência total ao FMI. Se Bush ordenasse, FHC latia sim.

- Houve vários, mas vários, casos de desvios de verba e de corrupção envolvendo o governo. SUDENE, PROER, Opportunity, precatórios, TRT paulista, FUST, Telebrás, DNER, Banco Marka, são nomes e siglas que envolveram vários escândalos durante o mandato FHC. Há menção disso quando se fala no Governo FHC? Nah.

- O BNDES deu mais de R$ 10 bilhões para socorrer empresas que assumiram as estatais privatizadas.Ou seja, você comprava a estatal a preços baixíssimos e ainda ganhava para isso.

 - No governo FHC, as investigaçõesda Polícia Federal eram mínimas (28 operações em 8 anos de mandato). Além disso, seu governo contava com apoio irrestrito da mídia em geral. Os escândalos eram divulgados quando não tinha mais jeito de esconder. No Governo Lula, as coisas eram mais transparentes. Em seu mandato, foram 1150 operações da PF. Se hoje ocorre um julgamento do Mensalão, agradeça a essa política de transparência...