sexta-feira, agosto 18, 2006

Neverwhere

Acabei de ler o livro. Maravilhoso, como tudo o que Gaiman escreve. Agora só gostaria de assistir a série da BBC...
Iconoclasta!

Eu realmente não suporto mais pessoas que insistem que eu devo seguir uma religião. Não suporto conversar com religiosos e sua mania irritante de se acharem a cereja do bolo, os escolhidos de Deus, os melhores-do-que-você simplesmente porque seguem religião A ou B. Uma conhecida minha disse que sua vizinha chegou para ela e disse que estava triste, porque ela estaria na festa no céu e a minha vizinha não. Se fosse comigo, eu perguntaria se ela nem me levaria um salgadinho lá no inferno (Onde com certeza eu estaria, pela lógica desses fundamentalistas). Agora, alguém me diga: Como que um Deus que me ama, que me criou e me chama de filho, me deu livre-arbítrio, tem a atitude autoritária de me condenar a um inferno eterno de chamas a menos que eu O ame, O Respeite, O adore? Esse é o motivo principal pelo qual eu não sigo uma religião.

As religiões ocidentais tem a sua visão de Deus. Para elas e as pessoas que as seguem, o fim do mundo começou quando a Igreja se separou do Estado e a Ciência mudou a visão do mundo. Claro que houve um declínio na quantidade de pessoas religiosas, não pelo fato de que a Ciência forneceu uma visão mais materialista, reducionista ou seja lá qual ista que está na lista de acusações, mas sim porque ninguém ia mais para a fogueira simplesmente por não ser cristão. Hoje em dia os religiosos cristãos atacam todos que não compartilham as suas crenças, vivendo numa luta imaginária contra todas as outras religiões (e entre si, uma vez que há várias seitas cristãs no mercado), que seguem a "vontade do Diabo".
É incrível o número de besteiras que se ouve das bocas dessas pessoas: Desenhos da Disney transformam crianças em homossexuais; doces em formas de órgãos ou partes do corpo humano induzem as crianças ao canibalismo; artistas ricos e famosos fizeram um pacto com o demo; grandes empresas se reúnem frequentemente para elaborarem missas negras, com sacrifícios de virgens e crianças, com o intuito de ganhar dinheiro; qualquer símbolo da moda é parte do grande esquema chamado "Nova Era". E os exemplos não param.

Há ainda a mania dessas pessoas de se acharem as guardiãs da moral e civilidade, querendo impor os seus valores para a sociedade, se esquecendo de que o Estado é laico (inclusive para proteger o direito à crença religiosa, qualquer que seja) e de que suas convicções religiosas são pessoais e não algo a ser imposto.

terça-feira, julho 11, 2006

Por Trás do Sorriso Pintado

Há alguns anos, em um site sobre Anarquismo (o sistema político caracterizado pela ausência de Governo, onde o próprio povo regulariza suas ações), havia uma lista com os 10 melhores livros sobre anarquia já escritos. "V de Vingança" era um deles. Curiosamente, tal detalhe foi omitido na adaptação da obra para as telas e V se trasnformou em uma espécie de super-herói em busca de vingança contra o governo. Esta foi apenas uma das várias transformações que a história sofreu em sua passagem do papel para o acetato.

Na obra original, V mata pessoas envolvidas em seu aprisionamento e tortura no campo de concentração Larkhill (que não estava desenvolvendo um vírus e sim, como se revelou ser comum na história humana, simplesmente fazendo experimentos em grupos sociais estigmatizados), o que a princípio parece ser uma vendeta mas se revela um plano audacioso pra derrubar o governo vigente e implantar a Anarquia. Alan Moore, escritor da Graphic Novel, revela em uma introdução as razões que o levaram a escrever V: Margareth Thatcher no poder e a liderança do partido conservador, bem como as suas idéias, tais como erradicar o homossexualismo, extraditar estrangeiros e criar campos de concentração pra aidéticos.
V é um homem culto, que cita tanto Shakespeare quanto Rolling Stones para suas vítimas. Na Galeria Sombria, sua base, seu lar, podemos ver obras como "O Capital", de Karl Marx, "Utopia", de Thomas More, "Mein Kampt", de Hitler, "Viagens de Gulliver", de Swift, "Dom Quixote", de Cervantes, entre outros. Ouve Billie Holliday, Black Uhuru, Cole Potter, entre outros. Em um interlúdio, V toca "This Vicious Cabaret", de sua autoria, onde vislumbramos todos os personagens e seus contratempos e vemos que há mais do que vingança em seus planos. Aliás, os personagens relacionados ao governo estão tão envolvidos em jogos de poder que não percebem que estão sendo manipulados por V até o fatídico final, que é muito diferente do filme e bem mais complexo.

A personagem Evey, originalmente uma jovem orfã, que decide se prostituir e acaba sendo pega pelos Homens-Dedo (Policiais, membros da Mão, responsáveis por manter a ordem) e é salva da morte certa por V, que a acolhe e protege, eventualemente ajudando V em seus planos, entrando em um dilema moral quando se recusa a participar da morte de alguém. Evey acaba sendo expulsa do mundo aconchegante que é a Galeria Sombria (Base de V, um lugar repleto de obras de arte - pinturas, livros, discos, postêres e filmes - banidas e proibidas pelo atual governo) ao perguntar a V qual é a sua identidade por trás da máscara (Seu pai, talvez?). No mundo lá fora, perseguida, Evey acaba conhecendo o amor, que lhe é tirado por Homens-Dedo corruptos. Disposta a se vingar, está prestes a matar o responsável pela morte de seu amante quando é capturada. É importante notar que
matar alguém é algo que a antiga Evey repudiava. É neste momento, na trama, que vemos que Evey cresceu. Ela já não tem a proteção do Estado, nem de V ou de seu amante. Ela é forçada a ser adulta. Na prisão, é presa e torturada para revelar o paradeiro do codinome V (o único trecho da obra original que é fielmente retratado no filme). Após sua "libertação" e renascimento, Evey trabalha com V, assumindo o seu manto após a sua morte, pois finalmente percebe que por trás da máscara não há um rosto e sim uma idéia.

Eu não entendi o motivo da mudança da personalidade de Evey, capaz de tentar entregar V às autoridades e estupidamente cair nas mãos de pessoas dispostas a matá-la. Talvez pra criar um contraste maior entre a velha e a nova Evey, forçada a enxergar a verdade após o período em que esteve presa e, "renascida", é capaz de enxergar o mundo de como V. E não seria legal, pelos padrões hollywoodianos, se a mocinha do filme estivesse disposta a se sacrificar, desafiando um toque de recolher, para se prostituir. Então, na versão corrigida, Evey desafia as autoridades saindo para um encontro romântico. Outra correção: O personagem V, que provavelmente era homossexual na obra original, declara o seu amor a Evey, momentos antes de morrer em seus braços, devido a uma saravaida de balas ao estilo Matrix. Mais hollywood que isso...

Aproveitando: Alguém pode me dizer como aquela multidão conseguiu suas fantasias? Receberam por Sedex?

quarta-feira, junho 28, 2006

Dois anos longe! Nossa! Faz tanto tempo assim? E agora fico perdendo tempo escrevendo um monte de besteiras...
Após uma longa ausência, resolvi retornar. Há tantas coisas a serem ditas!

Mas não hoje...